Portal Stalker, primeiras impressões

Li até agora 12 contos. Faltam ainda bastantes para acabar. Acho que já posso ir postando meus comentários a respeito.

Os portais anteriores tiveram, todos, altos e baixos. É o que se espera de coletâneas. Difícil manter o nível de qualidade lá em cima, mesmo porque quem decide esse nível é o leitor, cuja análise é sempre muito subjetiva. O que agrada a uns, desagrada a outros.

O Portal Stalker não poderia ser diferente.

Conto 1 – Gigantes (Mayrant Gallo)

Um conto que me surpreendeu. Fantástico em todos os sentidos. Além de escrever muito bem, Mayrant conseguiu me manter fixo na leitura, acompanhando a aventura do liliputiano protagonista. Talvez digam que estou errado, mas para mim o principal personagem é o pequeno homem sem utilidade.

Conto 2 – O novo protótipo (Roberto de Sousa Causo)

Via de regra, gosto do que o Causo escreve. Dessa vez não foi muito diferente, embora tenha reclamações com relação a este conto. Algumas coisas ficaram sem explicação e muitos eventos pareciam ocorrer simplesmente porque tinham que ocorrer. Senti falta de emoção, não fui fisgado, não me provocou ansiedade pelo final.

Conto 3 – Ontem ferido (Maria Helena Bandeira)

Um conto belo, mas escrito para não ser entendido.

Conto 4 – Alguém que fui (Maria Helena Bandeira)

Idem anterior. Até pensei que tivesse alguma ligação, sei lá.

Conto 5, 6 e 7 – Kripton, Os quereres e Buraco no céu (Brontops)

Até agora os melhores contos dessa coletânea. Muito bem escritos e com miolo. Meus parabéns ao autor cuja alcunha me lembra o período jurássico ou remédio para os brônquios.

Conto 8 – Wharia avariada (Marco Antônio de Araújo Bueno)

Incompreensível.

Conto 9 – Nonsensal (Marco Antônio de Araújo Bueno)

Nonsensal é um título bastante adequado a um conto que nos brinda com absoluto nonsense. Me pergunto o que o autor tem na cabeça quando escreve coisas sem nenhuma compreensão possível (pelo menos para mim). Para que leitor ele os escreve? Para si mesmo? Na minha opinião, um escritor não é para si, é para os outros.

Conto 10 – Holograma (Marco Antônio de Araújo Bueno)

Esse conto dele é melhor, embora exagere nos ecos. Ufa…

Parece existir entre alguns autores o afã de produzir obras com “O”, usando para isso (no presente caso) a literatura de gênero (que não exige necessariamente um conteúdo linear, mas que seja ao menos inteligível).

O que acabam conseguindo é um tipo de literatura “loura burra”, que apresenta ótima aparência, mas nenhum conteúdo.

Recentemente tem havido uma salutar discussão iniciada por Nelson de Oliveira e alimentada por Roberto de Sousa Causo, onde se discute a distância entre a literatura mainstream e a de gênero, e como ambas podem interagir.

A literatura mainstream privilegia a forma, enquanto que a de gênero, o conteúdo. Querer escrever a de gênero desprezando o conteúdo vai acabar criando outro subgênero para se unir a tantos outros: a literatura bizarra, ou lobotomizada.

Então, pelamordeDeus… Escrevam preocupados com a forma, mas não desprezem o conteúdo. A FC precisa de novos leitores e não de mais preconceito.

Nos próximos dias posto meus comentários a respeito do resto dos contos do Portal Stalker.

Tags: , , , , , ,

3 Respostas to “Portal Stalker, primeiras impressões”

  1. Saint-Clair Stockler Says:

    Sou fã dos contos do Mayrant Gallo (O inédito de Kafka é um dos melhores livros de contos recentes brasileiros).

    E sou muito fã dos contos da Maria Helena Bandeira. Não entendo como ela ainda não publicou um livro de contos! Material pra isso ela já tem…

  2. Roberta Nunes Says:

    Olha só!
    Mais um blogueiro para nossa diversão!
    Já está no Favoritos, e devidamente adicionado aos links do meu blog.
    Um abração!

  3. Roberta Nunes Says:

    E, quando eu disse “diversão”, entenda como: informação, referência, boas dicas e muita coisa boa.
    ;0D

Deixe um comentário