Contos de fadas para adultos?

02/08/2011

Contos de fadas narrados de forma original e adulta são a aposta do mercado editorial

Em sintonia com o crescimento da literatura de fantasia no mundo e com os muitos eventos relacionados ao assunto no País, as editoras iniciam a publicação de literatura com um público-alvo que vem sendo esquecido: o adulto. Na ponta dessa tendência, a Tarja Editorial lança o livro Reino das Névoas – contos de fadas para adultos, da escritora paulistana Camila Fernandes, uma das autoras da coleção Necrópole e participante de várias antologias, como a recente A Fantástica Literatura Queer.

Ganhadora de uma bolsa oferecida pelo ProAC – Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, a obra traz 7 histórias no estilo dos contos de fadas em sua forma original: violenta, quando necessário; bela, quando possível; picante, quando ideal.

O livro, de visual ousado, contém ilustrações da própria autora abrindo cada um dos contos do livro, com novas histórias que brincam com elementos clássicos: príncipes e princesas, feiticeiras, maldições, bosques misteriosos, feras falantes. Trata-se de um livro de contos de fadas que não se autocensuram e, ao mesmo tempo, têm o sabor da moderna ficção fantástica.

A apresentação, do escritor Richard Diegues, dá uma noção da obra: “Gosto de contos de fadas. Todos gostam. São histórias que ouvimos de pessoas queridas, desde tenra infância, com finais felizes, sempre nos transmitindo uma moral que devemos aprender e conservar para os futuros adultos em que nos tornaremos. (…) Crescemos com eles em nossa memória. E, então, chegamos à vida adulta e aprendemos que nem tudo neles é realmente factível na vida real. Enfim, começamos a nos perguntar: o que foi escondido pelos escritores que, ao longo dos tempos, foram adaptando, lapidando e moldando essas lendas para torná-las palatáveis? O que nossos pais esconderam sutilmente de nós enquanto os liam na cabeceira de nossas camas? Agora que somos adultos, procuramos por essas respostas. E aqui, neste livro, elas estão em cada linha (…).”

As ilustrações são um diferencial. “Sempre adorei livros ilustrados. Quero oferecer ao leitor o tipo de obra que eu mesma procuro”, explica a autora. Ela ainda destaca o fio condutor do livro: “o despertar para o mundo adulto e para o autoconhecimento, na forma dos vários perigos que os personagens têm de enfrentar para passar de um estágio a outro na vida. Minha proposta é usar a fantasia para falar da realidade”.

Reino das Névoas é uma ótima pedida para relaxar os olhos e a mente, desviando-se um pouco dessa neblina do politicamente correto que vem encobrindo a literatura nacional nos últimos anos.

Publicação de autor. Não custa nada bater nessa tecla mais uma vez.

25/07/2011

Você que está começando, que tem sonhos, que quer ser escritor, que quer ganhar prestígio e dinheiro (vá sonhando… rs), invista não em uma editora por demanda.

Invista em VOCÊ, primeiro.

Editoras por demanda, editoras que imprimem o seu livro às suas custas, não lhe dedicam a mesma atenção que uma editora tradicional dedicará. Não há nenhum processo editorial que não lhe seja cobrado (e, acredite, cobrarão tudo o que tem direito ou o que se acham no direito de cobrar). Arrancarão os olhos da sua cara e o retorno lhe será muitas vezes frustrante.

Editoras tradicionais pagam para que você publique nelas. Isso as obriga a serem seletivas e exigentes.

Batalhe a si mesmo primeiro. Leia muito, aprimore a prosa, procure leitores beta capacitados ou leitores críticos bons.

Cada centavo gasto com você mesmo pagando a ajuda de leitores críticos, participando de cursos e oficinas, lhe reverterá em quádruplo em relação ao dinheiro gasto com editoras por demanda.

Procure coletâneas que tenham submissões abertas, escreva contos antes de se aventurar nos romances ou nas trilogias. Tenha um blog e publique nele, fique atento ao feedback e saiba separar o joio do trigo. Ignore os elogios e preste muita atenção nas críticas. Aprenda com elas, mesmo com as ferinas.

Participe de eventos voltados à literatura. Faça parte das redes sociais, aproxime-se dos outros escritores, conheça-os, ouça o que eles têm a dizer. Aprenderá muito com eles.

Transformar-se num bom autor exige dedicação. É um trabalho danado. Não se conquista espaços no mercado editorial do dia para a noite.

Antes de se arriscar a mandar um original para uma editora tradicional, certifique-se de que ele é bom, de que está bem escrito, sem erros ortográficos. Esteja certo de que a prosa está bem trabalhada. O mercado de literatura fantástica está passando por uma expansão rápida. Sempre haverá espaço para autores talentosos e cuidadosos.

Não há nada melhor que ser pago para publicar.

Pagar para ser publicado é um recurso último. Aquele que se toma quando todas as alternativas foram experimentadas. Quando você sabe por A + B que seu livro é muito bom. Mas até esse momento chegar, podem se passar meses, anos até.

Controlar a ansiedade e trabalhar a competência é regra.

Capas de “Encontro com Rama”. Qual a melhor?

14/07/2011

Capa da editora inglesa Golancz

Capa da editora americana Ballantine

Capa da editora inglesa Golancz

Já que a postagem anterior trouxe prós e contras em relação a capa que a Aleph fez para a sua edição, aproveito para — agradeço a colaboração do Calife e do Delfin — trazer três capas, duas delas feitas por uma editora americana e a outra inglesa. A terceira ainda vou descobrir quem fez… :)… a atualização no post não deve demorar.

Não sei se podemos comparar capas com apelo subjetivo a capas com apelo objetivo.

De qualquer maneira, manifestem-se e digam qual capa é, para vocês, a melhor.

Encontro com Rama. De volta às livrarias um dos maiores clássicos da ficção científica mundial.

12/07/2011

Publicado originalmente em 1972, Encontro com Rama, de Arthur C. Clarke, ganhou alguns dos principais prêmios literários da ficção científica, entre eles o Hugo, o Nebula, o Júpiter e o British Science Fiction Association (BSFA). O livro é considerado um dos mais importantes do autor, ao lado de2001: Uma Odisseia no Espaço e O Fim da Infância.

Primeiro volume de uma série de quatro livros, a trama tem início com um gigantesco meteoro que atinge a Terra e devasta grande parte da Europa, destruindo cidades inteiras, como Pádua e Verona, dizimando populações e causando danos irreparáveis.

Cinquenta anos após esse episódio, uma missão espacial é incumbida de desvendar os mistérios de um novo meteoro, capaz de causar danos ainda maiores no Sistema Solar. Mas, longe ser apenas mais um astro errante no Universo, Rama se revela uma sofisticada e complexa construção, repleta de enigmas que desafiam a mente e os conceitos humanos. Surpreendente e meticuloso, é o relato dessa jornada que faz de Encontro com Rama uma das mais criativas obras da ficção científica mundial.

Curiosidades

Em 1992, o Congresso dos Estados Unidos solicitou à NASA uma investigação minuciosa dos corpos celestes próximos da Terra, a fim de avaliar os riscos de impactos em nosso planeta. Este esforço foi batizado de Spaceguard Project – inspirado no projeto homônimo  idealizado por Clarke em Encontro com Rama.

Em 2001, o cineasta David Fincher (A Rede Social) e o ator Morgan Freeman (Invictus) mostraram interesse em adaptar Encontro com Rama para o cinema. Freeman chegou a apresentar, na época, artes conceituais para o filme. Em 2007, eles voltaram a falar sobre o projeto, mas a ideia acabou não vingando.

Sobre o autor

Nascido em 16 de dezembro 1917 na cidade de Minehead, em Somerset, Inglaterra, Arthur C. Clarke desenvolveu, desde cedo, o interesse pela ciência e pela ficção científica. Após o ensino médio, mudou-se para Londres, onde se tornou membro da Sociedade Interplanetária Britânica e estudou Física e Matemática no King’s College. Em um artigo técnico escrito em 1945 para o periódico inglês Wireless World, ele apresentou os princípios da comunicação por satélite, os quais levariam aos sistemas hoje utilizados.

Entre seus trabalhos mais notáveis estão O Fim da Infância, Encontro com Rama e 2001: Uma Odisseia no Espaço, que se tornou um clássico do cinema nas mãos de Stanley Kubrick em 1968. Em 1956, Clarke mudou-se para o Sri Lanka, onde continuou a escrever seus livros e artigos. Lá viveu até sua morte em 19 de março de 2008, aos 90 anos, deixando um legado literário impressionante, com mais de cem milhões de livros vendidos no mundo inteiro.

Trecho do livro

O tubo de paisagem que o cercava era salpicado de áreas de luz e sombra que poderiam ser florestas, campos, lagos congelados ou cidades; a distância e a iluminação já fraca do sinalizador impossibilitavam a identificação. Linhas estreitas que poderiam ser estradas, canais ou rios com cursos retificados formavam uma rede geométrica vagamente visível; e lá adiante no cilindro, no limite da visão, havia uma faixa mais escura. A faixa formava um círculo completo, emoldurando o interior desse mundo, e Norton subitamente recordou-se do mito de Oceano, o mar que, segundo a crença dos antigos, circundava a Terra.

Ali talvez houvesse um mar ainda mais estranho – não circular, mas cilíndrico. Antes de congelar na noite interestelar, será que possuía ondas, marés e correntes – e peixes?

A luz do sinalizador bruxuleou e morreu; o momento de revelação terminara. Mas Norton sabia que, enquanto vivesse, essas imagens permaneceriam impressas em sua mente. Quaisquer que fossem as descobertas reservadas pelo futuro, jamais poderiam apagar essa primeira impressão.

ENCONTRO COM RAMA
Arthur C. Clarke
Tradução de Susana Alexandria
Editora Aleph
R$44,00 – 288 p.


Escreva seu conto! Participe de 2013 – Ano um.

08/07/2011

2013 – Ano um é uma iniciativa da Editora Ornitorrinco e Editora Literata e tem como organizadores Alicia Azevedo e Daniel Borba. Está aceitando submissões do dia 10 de julho a 15 de setembro.

Não é um prazo muito longo, então sugiro aos interessados que metam mãos à obra desde já.

Serão escolhidos alguns contos inéditos (não há quantidade definida) que farão companhia aos trabalhos dos seguintes autores convidados:

Roberto de Sousa Causo
Gerson Lodi-Ribeiro
Tibor Moricz
Ana Lúcia Merege
Ademir Pascale
Duda Falcão
Adriano Siqueira

Aproveitem. 2013 – Ano um será um excelente palco para desfiarmos nossas esperanças ou desesperanças na raça humana. Utopias e distopias são muito bem vindas.

Saibam dos detalhes nesse link:
http://www.editoraornitorrinco.com.br/2013/sinopse.html

Homens sem rosto. Lido e comentado.

07/07/2011

Conheci os primeiros contos de Renato Cunha quando li e comentei a antologia UFO – Contos não identificados. Foram dois no mesmo volume e conseguiram arrancar de mim um UAU e um BOM. Foram Foo Fighter e Green Flash. Fiquei impressionado especialmente com o primeiro e acabei criando fortes expectativas em relação ao autor e ao seu trabalho. Mas a leitura acabou e o tempo passou até que fui contatado por ele, perguntando-me se havia interesse na leitura de sua antologia publicada pela Multifoco, Homens sem rosto. A muito boa impressão causada anteriormente só me fez dizer que sim.

A capa não surpreende. Parece mais um “copia-cola” tradicional. O conjunto de contos merecia uma capa mais caprichada.

São 13 contos de terror que surpreendem. E surpreendem MESMO.

***

1- Homens sem rosto

Homem desesperado registra em seu diário a história dos dias que antecedem o momento presente e o faz com a certeza da morte eminente. Oficial da Marinha de El-Rei de Portugal, em 1880, recebe a incumbência de conduzir um novo faroleiro e sua família a um farol onde fatos misteriosos ocorreram e permanecer ali por tempo indeterminado realizando investigações.
É necessário que tente descobrir como e porque os antigos moradores da ilha, zeladores do farol, desapareceram misteriosamente.
A história é primorosamente narrada, num vocabulário próprio à época e encanta pela precisão. O autor demonstra toda a intimidade que tem com relatos náuticos e dá ao leitor uma história com bom ritmo e boa medida de suspense. O envolvimento do protagonista com a família e com os fatos que lentamente vão se sucedendo é firme e seguro.
Incomoda-me, por outro lado, o autor ter revelado prematuramente a natureza do terror que assola a ilhota. O suspense poderia ter se mantido por mais tempo, aumentando com isso a ansiedade e a expectativa do leitor. Mesmo assim, o conto cumpre com seu objetivo. É muito bem contado e provoca arrepios. MUITO BOM.

2- Extravagance em sang

Homem possui fascínio pela morte, executando-a das maneiras mais bizarras e assustadoras. Comecei o conto sentindo profundo incômodo. Um incômodo que quase se traduziu em dor.
 “Talvez tenha sido quando matei minha irmã mais nova, então com nove anos de idade. Não consigo me esquecer da inebriante sensação de sentir seus ossos lentamente esmagados sob a enorme pedra com a qual lhe moía o crânio, fazendo um barulho levemente crocante, tão ao gosto das crianças. Talvez tenha sido sua confiança inocente em me seguir até o local de sua execução, alegre, mal suspeitando de seu destino. Ou talvez tenha sido seu último olhar atônito para mim o que coroou, como um violento orgasmo, todo o esforço frenético que fazia para dar cabo de minha tarefa”.
Esse trecho inicial me deu uma pista bastante clara do que provavelmente viria a seguir. O protagonista se esforça ao máximo para superar cada assassinato, cada obra que assina com a execução artística de um gênio psicopata. Mutila corpos, os reconstrói como uma espécie de doutor Frankenstein, alucinado, embevecido.
A leitura avançou bem até que o autor incluiu nele outros elementos, chamados de “Povo da noite”. O que vinha num ritmo assustador, agregando terror, diluiu-se quando da inserção desses novos personagens. Houve desvio no foco e eu, enquanto leitor, vi-me dividido nas atenções. Isso me fez perder o sentimento de atrocidade que o protagonista tão eficazmente cinzelou em minha alma.
Esses novos elementos se revelam vampiros e o protagonista é transformado, como não poderia deixar de ser (previsibilidade que sempre arrefece a narrativa). Se o autor tivesse mantido a história centrada no personagem, sem acréscimos, ela teria sido muito mais impactante. Apesar dos pontos que me foram negativos, o conto me agrediu como poucos o conseguiram até hoje. MUITO BOM.

3- A mão decepada

A história ocorre em 1943, Alemanha nazista, Segunda Guerra Mundial.
Fotos mostram grupo de soldados acompanhando eventos bélicos pelo mundo, através de gerações e flagrados pelas lentes de fotógrafos amadores ou profissionais. Sempre o mesmo grupo, e sempre rodeados por uma estranha aura.
Soldado alemão da ABWEHR, setor de inteligência militar, resolve investigar esse mistério para tentar descobrir quem são esses homens.
O autor narra de maneira bastante convincente o cenário de guerra, demonstrando possuir ótimos conhecimentos históricos. Tira o protagonista da retaguarda e o leva para o front, numa busca perigosa que acaba revelando algo absolutamente assustador.
Os fatos são pouco a pouco apresentados, desta vez mantendo-se o clima de suspense até próximo do fim. BOM

4- A arma secreta

Grupo de mergulhadores descobre velho submarino alemão naufragado na costa da Bahia. Entusiasmam-se com o achado, perplexos por estar em águas tão rasas e anseiam explorá-lo em busca de possíveis riquezas quando são abordados por um homem que sabe da descoberta e oferece ajuda na exploração. Nesse esforço, são trazidos mais dois homens, especialistas em achados nazistas navais. Acabam por se mostrar mais interessados pelo submarino do que faria supor a mera curiosidade de investigadores. Em vez de ouro ou jóias, encontram caixas metálicas hermeticamente fechadas que escondem segredos terríveis.
Acho particularmente fascinante o domínio que o autor possui das narrativas náuticas, sendo eu mesmo um admirador do gênero. O ritmo de descobertas, investigações, mergulhos, riscos, perigos é habilmente manejado, mesmo que a ideia e a conclusão não sejam originais.
BOM.

5- Mamãe

Homem atormentado pela dúvida de ser ou não pai legítimo e acossado pelo passado sombrio de sua família, resolve visitar a mãe cuja doença a afastou do convívio social e provocou o suicídio do pai. Ele, sua mulher e “filho” saem de madrugada rumo à fazenda onde se encontrarão.
Conto de terror que me fez lembrar Stephen King. Estilo próprio do estadunidense, condução hábil. Final aterrador que me causou calafrios. Um dos melhores contos do livro. UAU.

6- A reunião

Japonês sobrevivente da segunda guerra mundial onde teve amigos e mestres que muito o honraram se prepara para um importante ritual que permitirá que volte a encontrá-los e, com eles, refazer os importantes laços de amizade que tinham no passado.
Esse é até agora o único conto que não é de terror. Fala de amizade, senso de dever e honra. Dedicado aos valorosos guerreiros kamikazes, que mesmo às portas de uma derrota humilhante, entregaram-se de corpo e alma ao que eles consideravam certo, em defesa de seus ideais, de suas tradições e de sua cultura.
Um conto pungente que aborda aspectos culturais absolutamente incompreensíveis aos olhos de um ocidental. MUITO BOM.

7- A experiência

Grupo de cientistas se debruça sobre um novo experimento que arrisca lhes escapar ao controle. Ante a possibilidade desse grupo de bactérias se alastrar e infectar outras culturas, o reitor da universidade onde ocorrem as experiências resolve chamar um cientista que fora expulso em outros tempos por desafiá-lo ao não concordar com aquele experimento. Ele traz consigo a solução para o problema num projeto intitulado Armageddon.
Analogia que trata Deus e seus anjos como cientistas numa realidade alterada. O conto é curioso, engraçado mas não arrebatador ou surpreendente já que “brincadeiras” parecidas já apareceram por aí, com as mesmas analogias ou muito próximo delas. É um conto que destoa das demais até aqui. MÉDIO.

8- Plutão

Homem que teve a família morta num acidente de carro permanece no cemitério chorando as mágoas e ruminando sentimentos de raiva e vingança contra o mundo e contra as pessoas que o levaram a essa perda. Ao sair do cemitério, encontra um enorme cão preto que passa a segui-lo. Ele o recebe, aceitando-o como se fosse seu, apega-se a ele redirecionando seus sentimentos ao cão, usando-o como substituto aos entes perdidos. Mas vislumbres do acidente que surgem durante um sonho, mostrando os responsáveis indiretos pelo acidente o despertam para a verdade. Fazem-no realimentar a raiva e o ódio.
Uma a uma daquelas pessoas aparecem mortas, destroçadas, desfiguradas terrivelmente.
Seria o cão negro a quem dera o nome de Plutão, responsável por isso?
O conto caminha por rumos previsíveis e desemboca na imprevisibilidade com um final surpreendente. BOM.

9- Sha-sha

Conto curto que fala sobre menina perdida nas ruas, esfomeada, que procura por abrigo e calor humano. Angustiada, aproxima-se de uma casa que já vira antes e onde dois jovens garotos já dormem. Trepa pela parede subindo ao andar superior, bate na janela do quarto até que o mais velho deles a veja. Seduzido pela aparência de beleza doce e cândida, não resiste e permite que ela entre. Os três brincam bastante até que memórias antigas e sombrias lhe saltam na memória e uma fome animalesca lhe rouba o discernimento.
Descontando a embalagem caprichada, a história não nos traz nenhuma nova abordagem, apresentando o vampiro como o ser que precisa ser convidado para entrar na casa e fazer dela o seu restaurante, que ataca jugulares, que tem caninos proeminentes, que destroça e mata e consome sem remorsos em busca da satisfação de sua fome.
No início pensei se tratar mesmo de uma boneca que, por algum artifício mágico e desconhecido, ganhara vida e perambulava pela cidade em busca de amor, afeto, calor humano. Não era. O autor consegue dar sentimentos contraditórios à protagonista; que exigem a satisfação da fome e que também exigem lembranças doces do seu passado, numa tentativa de levar uma vida comum, suave. Trata-se de certo aprofundamento de personagem, criação de conflitos internos, nas pouquíssimas páginas do conto. Louvável e que teria sido muito melhor explorado tivesse a história umas vinte páginas a mais. Por isso e pela prosa: BOM.

10- Symphonie fantastique

Vendedor em retorno ao lar dirige durante a noite em uma estrada solitária e conhecida, embalado por uma seleção de músicas clássicas. Súbito, se dá conta de que ninguém o ultrapassara nas últimas horas e nem a ninguém pedira passagem. Perplexo, percebe que aquela estrada nada tinha a ver com a que costumeiramente transitava.
O looping que o obriga a dirigir sem parar e sempre voltando ao ponto de partida se mostra eficazmente assustador. A inclusão de outros elementos, estranhos seres que surgem ao longo da estrada, caminhando ao largo dela, aumenta a tensão e o terror. MUITO BOM.

11- Fome

Caminhoneiros enfrentam as duras condições das estradas por caminhos ermos do sertão. Um pneu furado os faz conhecer uma estranha mulher e moradores da região que buscam um devorador de vísceras de animais, chamado por eles de Chupa-cabra. Embora o conto indique uma pretensa previsibilidade, o autor consegue surpreender dando ao rumo da história uma solução surpreendente.
Fica claro desde o inicio que a mulher é a chave da história, só permanece em brumas como ela interfere nos fatos. A mudança de cardápio do ser fantástico que progride da carne animal para a carne humana serve para aumentar a carga dramática e elevar a expectativa. A solução encontrada para explicar de onde o ser vem e para onde ele vai ao final de uma refeição assusta e é extremamente perturbadora. MUITO BOM

12 – Paraíso

Executivo aborrecido com a rotina de uma reunião de negócios na empresa em que trabalha, perde-se em divagações ao observar um quadro na parede onde um antigo projeto dessa empresa seria realizado. Mata verdejante, uma lagoa aprazível e uma estrada que ele jurava não estar ali antes. Com o passar do tempo descobre-se cada vez mais encantado com o lugar e passa horas imaginando como seria bom nadar no lago e descansar à sombra das árvores que a rodeiam. Mas a presença da estrada de terra o intriga a ponto de inquirir um amigo sobre a existência dela que, aparentemente, nem deveria estar lá. Com o mistério não resolvido e a vontade de estar lá amplificada, resolve visitar o lugar, escapando do trabalho por um dia inteiro. Os acontecimentos que se seguem mostram que precisamos ter muito cuidado com nossos desejos. Trata-se de um conto interessante, mas não arrebatador. Boa leitura, mas previsível suficiente para levar só um MÉDIO.

13 – Sobre caçadores e presas

Uma ordem antiga de caçadores de vampiros vê-se à beira da transmissão de cargo do caçador que está às portas da morte ao jovem neófito arduamente treinado. O velho e alquebrado caçador, cujas moléstias do corpo levaram-lhe a saúde e ambas as pernas, está certo de que uma antiga promessa será levada a cabo e que seu mais terrível inimigo, Albuquerque, virá para matá-lo. Entabulam então, o velho e seu fiel ajudante, o homem que o acompanhara ao longo dos anos e que conduzira o jovem àquela reunião de transmissão, um plano para derrotar o vampiro.
Trata-se de um historia sem atrativos maiores, já que narrativas vampirescas dificilmente conseguem surpreender. Criou-se certa expectativa na construção do cenário que remonta ao século XVIII, na tessitura dessa ordem, na sua ação ao longo do tempo, mas o conto é curto demais para que essas particularidades sejam suficientemente exploradas. MÉDIO

***

Homens sem rosto é uma reunião de contos de terror que foge do clichê tradicional, foge da mesmice, e que obtém conjuntamente uma média final muito boa. O autor demonstra possuir ótimo conhecimento de técnicas narrativas e imprime um ritmo cativante nas histórias. Além de provocarem sustos e inquietantes momentos de perturbação, os contos encantam pela prosa.

As narrativas com ambientação náutica são particularmente fascinantes.

Identifico em seu estilo traços dos autores contemporâneos Stephen King, Neil Gaiman e Clive Barker, dos póstumos Edgar Alan Poe e Lovecraft (o autor declara também E. T. A. Hoffman como uma de suas referências). Há nas histórias um sabor estadunidense marcante, embora sejam ambientações bem nacionais.

Homens sem rosto foi uma das melhores leituras que tive nos últimos meses e mostra que é possível escrever boas histórias de terror sem o uso abusivo de clichês. Inteligência é tudo. MUITO BOM

***

Homens sem rosto
Renato G. Cunha
Selo Spectrum da Editora Multifoco
1ª Edição – 2010

Reinventar a roda ou não reinventá-la, eis a questão.

05/07/2011

Tem-se falado sempre nesse negócio de “reinventar a roda”. Trata-se de um termo que é sempre trazido à baila quando o assunto é discutir a literatura de gênero nacional em comparação com a estrangeira (mais especificamente a anglo-saxã). Usa-se normalmente quando surgem questões que tentam explicar porque um autor nacional não consegue nenhuma visibilidade lá fora ou porque esse mesmo autor nem deve tentar essa visibilidade.

“Quem vai conseguir ser notado lá fora se o que se faz aqui dentro é a reinvenção da roda?”

Ou seja, traduzindo:

“Se o que se faz aqui dentro é repetir a mesma fórmula consagrada lá fora, sem sequer extrapolá-la em originalidade?”.

Considero o raciocínio válido, mas chamo a atenção para uma coisa: não há absolutamente nada de errado em reinventar a roda, desde que se faça isso com qualidade. Histórias precisam ser boas, pouco importando se os temas abordados não são exatamente originais.

Se fôssemos todos obrigados a escrever com a mais absoluta originalidade, o gênero sequer existiria, ficando restrito a pouquíssimos; esses mesmos também limitados por eventuais arroubos de genialidade, que eclodiriam entre largos intervalos de tempo.

O que mais se faz em todo o mundo, é reinventar a roda. Mesmo os gênios a reinventam exaustivamente.

“Ah, mas então fica mais fácil tentar publicar lá fora, não fica?”

Não, não fica. E vou dizer por quê.

Deem-me uma só razão para um editor americano ou inglês publicar o SEU livro, se eles têm centenas de bons autores LÁ, reinventando a roda como você? Não se iluda achando que a sua história é megaultrasuperblast (talvez até seja). Existem inúmeras histórias megaultrasuperblast lá fora e, claro, vão escolher autores de casa e não estrangeiros cuja cultura destoa tanto da deles.

Só há uma chance: ser um sucesso de vendas aqui. E me refiro a SUCESSO DE VENDAS (com caixa alta mesmo), tendo centenas de milhares de livros vendidos. Um fenômeno. Ou ser muito amigo de alguém influente lá fora (mas isso vou deixar pra lá, não deve nem entrar nas estatísticas). Preferencialmente as duas coisas juntas, óbvio.

Claro que existem as exceções (não… no mercado anglo-saxão não existem exceções – e não vale citar Paulo Coelho), mas são elas que confirmam a regra.

Resumo da Ópera: continue escrevendo as suas histórias. Seja o mais original que puder, mas não se preocupe demasiadamente com isso. Tente escrever bem, bem mesmo, e deixe as discussões teóricas para os acadêmicos. Treine muito, aprenda muito. Esqueça que existe um mundo fora do seu mundo e você vai se descobrir bastante satisfeito com o que faz (e vai ter um monte de leitores aqui, satisfeitos com o que você faz – e alguns nem tanto, mas é assim que funcionam as coisas).

Vai que dá uma sorte e… Bem, não tente objetivamente, mas sempre deixe uma porta aberta para a improbabilidade.

Vai que você se torna uma das exceções, não é mesmo?

A corrente – lido e comentado

01/07/2011

Logo quando o livro foi lançado me senti atraído por ele. A capa que é muito boa e a premissa me fisgaram imediatamente. Mesmo assim me demorei em comprar o livro, deixando para fazê-lo há poucas semanas.

A história fala sobre um espírito mau, um hacker malandro e uma corrente aparentemente inofensiva — embora ameaçadora — que acaba por provocar a morte de várias pessoas. Uma ideia bastante boa que transcorre em Vitória, no Espírito Santo. Impossível não se deixar levar pela expectativa que uma história dessas gera. São muitas as possibilidades em construir cenários assustadores.

Incomodou-me, porém, a quantidade exagerada de problemas no texto e falhas de revisão, que um copidesque realmente eficaz teria corrigido. A prosa frágil de Estevão Ribeiro também atrapalha, criando, muitas vezes, momentos confusos que exigem releitura de certos trechos para “se achar” dentro da trama.

O livro tem alguns bons momentos mas, em geral, não consegue provocar medo nem sustos. Além de algumas cenas inverossímeis, incomoda também a personalidade fraca do protagonista — Roberto — que passa boa parte do tempo fugindo, chorando, apavorado. A completa inação desse personagem, que passa parte da história sem ir em busca das respostas para o que acontece, enerva. Fiquei querendo que ele morresse logo.

Mas preciso admitir que existe algo de magnético em toda a história, já que me mantive preso na leitura por um dia todo, abandonando o livro apenas quando o conclui. As falhas serviram para me prender, assim como os acertos.

Uma pergunta: porque a palavra internet está em itálico no livro todo? Trata-se de palavra dicionarizada e incorporada ao nosso léxico.

Embora incomodado por vários problemas, a expectativa de cada morte e a forma terrível com que elas aconteciam (às vezes dramáticas em exagero) conseguiu agregar elementos aderentes à leitura. Essa cola distribuída ao longo da narrativa a mantém focada, aprisionando a atenção do leitor.

MEDIO

A Corrente 

Autor: Estevão Ribeiro
Gênero: Terror
Páginas: 183
Editora: Draco

Sagas Volume 1 – Lido e comentado

29/06/2011

Li recentemente o volume 2 dessa coleção e agora termino a leitura do volume 1. Trata-se da Série Sagas organizada por Duda Falcão e Cesar Alcázar e editado pela Argonautas (2011). Esse volume de fantasia heroica é composto pelos seguintes autores: Cesar Alcázar, Duda Falcão, Georgette Silen e Rober Pinheiro. Formato de bolso, 12×18 e 140 páginas.

***

Lágrimas do anjo da morte – Cezar Alcázar

Guerreiro nórdico sobrevivente em terrível batalha recebe a visita da morte, ainda no campo de batalha, em meio aos cadáveres, que lhe oferece um trato em troca da vida. Narrativa firme e segura de Cesar Alcázar mostra a luta de um guerreiro que apesar de ansiar mais do que tudo abandonar a espada e as guerras, não consegue se livrar disso. Embora leve, o aprofundamento do personagem, que luta com conflitos internos, deixa o conto ainda melhor.
Encontrei a expressão “bucaneiro viking” e ela me pareceu deslocada, anacrônica. O termo bucaneiro começou a ser usado em princípio do século XV e os Viking atuavam nos séculos VIII ao XI. BOM

A cidade de Elan – Georgette Silen

Guerreira chega à cidadela para resgatar importante artefato. Rebeliões e reviravoltas marcam a narrativa. Esse é um conto que receberia um BOM se a autora não se deixasse perder em exageros, hipérboles elevadas à enésima potência, figuras de linguagem e construções estranhíssimas e até bizarras que em vez de agregarem peso dramático à trama só me fizeram rolar de rir enquanto lia.

“Um imponente corcel que resplandecia seu pelo em reflexos azulados ao luar”.

“… que aplacava a sede do solo árido”.

“… a lâmina refulgia como uma joia em prata”.

“A falta de uma brisa mesmo nesse ponto mais alto, criava concentrações de cheiros e sons presos numa bolha de pedras negras”.

“Mariposas sangrentas ao luar”.

“O sangue era algo que as pupilas desejavam ver correr entre as pedras”.

“Uma turba miscigenada em tipos e motivos bloqueava a passagem”.

“A voz rouca ecoou como um sino tangendo”.

“O resfolegar quente do cavalo negro refletiu suas palavras”.

“Imprecações misturavam-se ao cuspe expelido por bocas desenhadas em esgares diversos”.

“O ar denso eletrificou-se, gerando estática entre os corpos suados, ensebados”.

“Oco sonoro”.

“circulando em gravidade elíptica”. (em vez de órbita elíptica)

“As cabeças rugiram”.

“os passos rasgaram o chão em chiados roucos…”.

“faíscas surgiram do encontro como estrelas expulsas da noite”.

“Esguichando a vida entre jatos aleatórios”.

“contra a luz da lua que chorava prata”.

“olhos gritavam ameaças e lábios retorciam-se em satisfação”.

Esses exemplos são só uma pequena mostra da imensa colcha de estranhezas do conto. Uma pena já que a história “per si” tinha tudo pra ser boa. Mas não vai levar mais que um RUIM

A dama da casa de Wassir – Rober Pinheiro

Duas sociedades guerreiras buscam aliança através do casamento de seus herdeiros, mas para que a união se concretize, devem partir em busca de um artefato que jamais fora resgatado por nenhum outro guerreiro anteriormente. O conto mais bem escrito da coletânea, embora a profusão de nomes estranhos tenha me causado problemas na leitura. A confusão a que me vi, sem conseguir identificar de imediato quem era quem acabou por me fazer ligar a leitura no piloto automático e fui em frente ignorando esses detalhes.
Adianto que o que me foi uma dificuldade pode não ser para mais ninguém, então vou ignorar essa deficiência (que pode ser inteiramente minha) e julgar a obra pelo seu peso dramático e pela sua construção. Rober Pinheiro deu vida a heróis inteiramente humanos. Que cometem erros, que falham, que levam socos e ficam feridos (que morrem!). Isso é uma virtude que muitos autores do gênero desconhecem. BOM

Sem lembranças daquele inverno – Duda Falcão

Sem nenhuma dúvida, o pior conto do livro. Parei a leitura e a reiniciei várias vezes, querendo desistir e me impedindo disso. O conto da Georgette Silen ainda prendeu a minha atenção com o humor totalmente involuntário, mas esse trabalho de Duda Falcão nem isso teve. Narra a aventura de um herói em busca de uma gema, trabalho pelo qual será regiamente pago. Condução terrível, diálogos fracos, personagem estereotipado até a última gota de sangue (que o herói passou a história toda sem verter), passagem inverossímeis, fora descrições de personagem como:

“O homem de cabelos loiros” – “O herói dos cabelos loiros” – “O herói dos olhos azuis” – “O herói dos cabelos dourados”

Só faltava ainda encontrar coisas como: “O homem do peito largo” – “O homem das coxas grossas” – “O homem da força bruta” – “O homem do… Deixa pra lá”.

Graças aos deuses ele nos poupou disso.

Sem contar que Duda Falcão retornou com a expressão “cascos brasis” que parece ter sido cinzelada a fogo em sua memória. ECA!

***

Esse volume 1 da coleção Sagas foi até agora o mais fraco. Decepcionou-me e me mostrou, mais do que tudo, que narrativas épicas e fantasias heroicas não são o meu forte. Não as escrevo (jamais as escreverei) e lê-las me causa certo desconforto só vencido quando tenho pela frente uma narrativa primorosa ou próxima disso.

Ao conjunto um gentil MÉDIO

Conheçam a capa da Dieselpunk!

27/06/2011

Quando Gerson Lodi-Ribeiro falou sobre a coletânea Dieselpunk, as guidelines ainda não haviam sido anunciadas oficialmente. Foi no Fantasticon de 2010. Já na ocasião me decidi por não deixar passar essa oportunidade em branco, já que por problemas de prazo, abandonei a tentativa de escrever alguma coisa para a coletânea Steampunk da Tarja e para a Vaporpunk da Draco (uma delas com prazo curto e outra com prazo já em andamento e exíguo).

Tudo bem que não comecei a escrever tão logo soube da proposta, mas já fui me preparando para isso.

A noveleta Grande G foi concluída em meras duas semanas de dedicação. Bem rápido. O que pode fazer parecer que a obra tem pouca profundidade ou pouco comprometimento com o tema, correndo célere, sem amarras. Não é bem verdade. Estipulei uma linha de enredo e fui fundo nela. Ao ler, verão que se trata de um trabalho que honra a proposta não só da coletânea, mas do autor. Quis fazer alguma coisa diferente de tudo o que seria apresentado e tenho certeza de ter conseguido.

Seu lançamento será no próximo Fantasticon.

Acima está a capa em alta definição. É bela, não é?

Um amigo me disse que apesar de bela, é clichê. Eu lhe respondi que muitas vezes precisamos obrigatoriamente do clichê para sermos belos. Esse é um ótimo exemplo disso.

Farão parte dessa coletânea:

– Antonio Luiz Costa – Ao perdedor, as baratas

– Cirilo Lemos – Auto do extermínio

– Sidemar castro – Cobra de fogo

– Octavio Aragão – O dia em que Virgulino cortou o rabo da cobra sem fim com o chuço excomungado

– Carlos Orsi Martinho – A fúria do escorpião azul

– Tibor Moricz – Grande G

– Hugo Vera – Impávido colosso

– Gerson Lodi-Ribeiro – País da aviação

– Jorge Candeias – Só a morte te resgata 

Vocês podem ler mais nesses links:

Capa e entrevista com o capista:

http://cidadephantastica.blogspot.com/2011/06/dieselpunk-capa-e-capista.html

Postagem no Draco Blog:

http://blog.editoradraco.com/2011/06/dieselpunk-reimaginando-o-passado/

Parabéns à Editora Draco e ao organizador Gerson Lodi-Ribeiro. Mais um trabalho super bem feito.


Pedro Moreno

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